sábado, 15 de maio de 2010

Ilha...


Dificuldade enorme, para mim pelo menos é. Sair do meu conforto logo de manhã cedo. Não ligo em ter hora para acordar; acordo cedo numa boa, meu maior problema é ter que sair de casa cedo, isso sim demanda um esforço enorme de minha pessoa. Mas graças a Deus a vida nos recompensa sim, recompensa com o arrebol...


Manhã, brisa leve com um nada singelo cheiro de mar.
Nada singelo mesmo, aliás que cheiro é esse que lhe é peculiar?
Sol nascente ao horizonte e o céu de rubro a alvacento.
E o mar hora azulado, passa a hora, hora agento.

O caminho está traçado e aos poucos foge ao meu destino.
A passagem é uma ponte, mas via mar é a melhor viagem.
Não me preocupo, mas com as horas, vivo esse ar matutino.
Tu tens de tudo tão lindo, de tão intenso parece miragem.

Não há como descartar ao fundo a visão do centro da cidade.
É uma selva de pedra de diversas quadras, diversas épocas.
Apesar do acinzentado, de longe ou de perto desperta quimeras.
Mas a fumaça não me empolga, pouca saúde, muita soledade.

Retorno os pensamentos à ilha, ao ver as aves em revoada.
Coisa mais bela, o sol que já se alteia e rubro fica alaranjado.
E ao longe vejo pescadores que enriquecem essa ilha amada.

Laranja não mais é a cor, enfim o sol mostra o seu amarelo.
E toda essa beleza que se modifica e o seu horizonte assinalado.
Traz-me uma imensa paz e me faz esquecer todo o flagelo.


Enche-me de esplendor toda essa beleza, mas a saudade de meus amores açoitado faz-me sentir. Nada mais me importa, afinal só há veículos, vias, pessoas e fumaça em minha frente. Toda a recompensa da saída já ficou para trás, bate-me uma saudade imensa e a certeza de que não há mais jeito, de que tudo já não volta mais.
Mas há sim, há de voltar, a noite é tão bela quanto a manhã e a saudade aumenta a ansiedade da volta...

E de erbúneo aos poucos escurece e tudo volta a colorir.
A volta no início é tediosa e tensa.
Mas também é uma recompensa.
Da tristeza do dia-a-dia, surpreendo-me a sorrir.

O crepúsculo dá o tom do retorno.
E de longe toda aquela cidade iluminada.
Aos poucos vou deixando o transtorno.
Ao ver as luzes da cidade amada.

Amor mesmo é a beleza da volta, quando finalmente sinto-me em casa.
Sentindo o famoso odor novamente, cheiro da água, cheiro da vasa.
Retorno ao lar de onde cedo saí e agora retorno com pouco vigor.
Mas feliz de encontrar novamente Atiele, meu eterno amor.

Anagrama de Eleita, nome dessa minha grande paixão.
Eleita não sei o porquê, só sei que escolhida foi por mim.
E sei que não tive escolha, quem mandou foi o coração.

Trouxe-lhe rosas brancas, plantas mortas pelo corte.
Vivas são as melhores, lírios, amarilis e jasmim.
Aty, meu grande amor, amo-te de sul a norte.

sábado, 8 de maio de 2010

Alunos???... Professores!!!...

Tem cada aluno esperto de dar ódio.
Dia desses deparei-me com uma professora de português reclamando da tamanha inteligência de seu aluno (isso mesmo que vós lestes, reclamando da inteligência. tsc, tsc, tsc). Dizia-lhe que não deveria reclamar de tal diferencialidade perante os demais, mas aquela que leciona o quer fazer em tempo integral, pelo menos essa em questão, e não poupava nem um segundo que fosse a sua voz, pior, não poupava um segundo que fosse o meu ouvido. Decidi por deixá-la tagarelar.

"Não, porque isso é um safado, na hora da prova perguntam as mais variadas idiotices, aliás perguntam tudo que vier a mente, perguntam se o texto é para ler, querem respostas, não me surpreenderia se um dia algum me pedisse alguma fórmula matemática ou a taxa de câmbio de determinada moeda. Por que não sanou essa dúvida na hora da prova? É foda!" Dividia o seu "grande" problema comigo a pobre moça.

Dúvida minha cara, pelo seu relato me ficou claro que dúvida alguma havia.
Seu belíssimo aluno de mente insana só quis tumultuar o dia da correção da prova e conseguiu.
Virou um ídolo na turma, pelo menos para os mais "ajumentados".

A questão sobre crase, com um ponto de valor, tratava-se do seguinte:
1) Complete com "a" ou "à":
a) Os turistas retornaram __ terra.
b) Os astronautas retornaram __ terra.

Simples assim, na hora da digitação a pobre moça não percebeu que não havia posto terra na questão 1.b com "T"(tê) maiúsculo. Questão número um que irremediavelmente teve de ser anulada.
Os "mais inteligentes" perceberam facilmente o sentido que a professora queria na questão, sentido de os turistas retornaram a terra e os astronautas retornaram à Terra, mas de que importa o sentido se o português é claro o suficiente para não deixar dúvidas na cabeça de Miguel.

Miguel respondeu com perspicácia que os turistas retornaram à terra e os astronautas retornaram a terra, errando assim a questão inteira.

- Digo-te que não errei a letra bê professora, afinal de contas terra está com a inicial minúscula, logo refere-se a terra, o chão em que pisamos, não Terra o planeta em que vivemos.
- Miguel o sentido é de que os astronautas estão fora da Terra, o planeta, de onde mais astronautas retornariam?
- Pensei e muitos aqui na turma pensaram no sentido dos astronautas estarem no treinamento com saltos de paraquedas, voo de avião, ou mesmo um bungee jump, talvez nadando. E em todos esses casos impreterivelmente eles retornam a terra sem crase. Estou certo, não?
- Sim está certo, realmente o erro foi da digitação. A letra bê da número um está anulada.
- Neste caso deve-se anular a letra a também, afinal de contas pode ter havido erro de digitação, e hoje em dia com essas viagens à Lua, não me surpreenderia com turistas retornando de lá.

Pronto, balbúrdia criada.
Primeira tentativa de controle da bagunça.
Falha, afinal são mais de cinquenta alunos.
A algazarra continua.
Segunda tentativa de controle da vozeria, afinal não havia o porquê, a questão certa estava.
Falha, afinal público e no Brasil o colégio é.
O alvoroço continua.
Balbúrdia controlada, questão número um anulada, um ponto para todos.
Um pouco mais de alvoroço.
E hora do recreio.
Professora morta de cansaço e doida para se ver longe de tais pivetes sem educação.
Educação essa que vem de casa sim, pelo menos deveria vir, né?! Mas para a singela professora sempre parece que ela nunca vem de lá, sempre em casa fica.


Ai, ai, Miguel, menino safado esse Miguel, safado. É foda mesmo.